Localização
São Paulo, São Paulo - São Paulo, BrasilEquipe
Nicolas Le Roux, Paula Lemos e Luis RossiOrientadora
Helena Aparecida Ayoub SilvaAno do projeto
2015Fotografias
Cortesia de Nicolas Le Roux, Paula Lemos e Luis Rossi
Apresentamos a seguir o projeto premiado com o segundo lugar no 8º Concurso CBCA para estudantes de arquitetura, desenvolvido pelos alunos Luis Rossi, Nicolas Le Roux e Paula Lemos, da FAU-USP. Veja na sequência algumas imagens e a descrição pelos autores da proposta.
Dos autores: Localizado na periferia oeste de São Paulo, o projeto se insere em um lugar com grande potencial de transformação urbanística, fragilidade social e ambiental e que recentemente vem sendo alvo de políticas engendradas pela Prefeitura de São Paulo. Conta com a ciclovia recentemente instalada na Avenida Eliseu de Almeida, com a construção em andamento da estação Vila Sônia da Linha 4 do metro; e com uma morfologia construída muito pouco consolidada e carente de atualização nos termos do adensamento populacional e aproveitamento da infraestrutura urbana já instalada. A população local é caracterizada por classes média, baixa e comunidades em assentamentos precários. O lugar é representativo para a população como espaço de encontro e organização dos habitantes: a Casa de Cultura do Butantã.
O projeto é um desenho completo para toda a faixa de terra compreendida entre a Rua Junta Mizumoto e a reserva de Mata Atlântica existente, fundindo os terrenos e os programas da Casa de Cultura e do Viveiro do Butantã. A fim de não deixar margem a geração de espaços residuais e com o esforço de colonizar todo o território de maneira integrada, pública e ao máximo acessível foram traçadas diferentes atividades que se conectam entre si e à cidade. Essa forma permite também a setorização das atividades, de modo que o funcionamento de cada trecho se dá de maneira independente e pode se adaptar à diversas situações (atividades cotidianas, eventos esportivos, festas, reuniões). Os espaços públicos, sempre acessíveis, são extensões dos edifícios que, quando abertos, podem integrar todo o território em um único e grande espaço de encontro e de atividades da população.
A solução estrutural perseguiu um desejo de clareza, simplicidade, economia e baixo impacto ambiental. Um par de treliças planas cria uma grande estrutura contínua e longitudinal com poucos pontos de apoio junto ao pé da colina e liga todo o terreno conectando suas diferentes cotas. Sobre ela, se apoiam de modo perpendicular semi-pórticos que constituem os pavilhões. Todos esses nichos se conectam através desse percurso elevado que se funde aos diversos usos em cada trecho. Há também uma intensão de fruição entre os espaços cobertos e descobertos do projeto, uma vez que as fachadas transversais são completamente desimpedidas estruturalmente.
Aproveitando o potencial microclimático e paisagístico da vegetação ao lado o projeto se abre para a mata, que se torna um grande jardim hora dos espaços públicos hora dos próprios blocos, cujas fachadas são liberadas para ela. A estrutura treliçada cria um ambiente de fachada desimpedida em nível térreo e um percurso elevado que aproxima as pessoas das copas das árvores com novas visuais da mata. Além da proximidade visual, a diferença de temperatura que existe nesse trecho de vegetação (podendo chegar à menos dois graus de temperatura do ar e até menos quinze graus de temperatura de superfície) é aproveitada para o próprio resfriamento do edifício.
A volumetria final do projeto resulta da variação de altura do pilar de cada semi-pórtico, gerando coberturas levemente curvadas e inclinadas. A inclinação principal das coberturas também permitem tratar a estrutura treliçada como um grande captador de água. Com um sistema de filtragem natural que se desenvolve sobre todo o percurso elevado, o edifício busca reduzir ao máximo os efeitos da impermeabilização do solo ao mesmo tempo que trabalha na contenção das águas pluviais.
O aço foi empregado não apenas como elemento essencial da estrutura mas também de maneira estética e funcional. Além da busca pela leveza da forma proporcionada pelos grandes vãos que a estrutura em aço permite, o projeto também perseguiu o uso de fechamentos leves e jogos de transparência associando componentes de aço a outros materiais como policarbonato, vidro e madeira. O aço também foi empregado no desenho de mobiliário como guarda-corpos, escadas e arquibancadas, tornando sua materialidade presente e acessível ao usuário.